POR UMA HISTÓRIA DO TEMPO PRESENTE: NOTAS
HISTORIOGRÁFICAS FILIGRANADAS ENTRE HISTÓRIA DO TEMPO PRESENTE E ENSINO
Fagno da Silva Soares
O historiador do tempo
presente é contemporâneo do seu objeto e, portanto, partilha com aqueles cuja
história ele narra.
Roger Chartier
Introdução
Papai, então me
explique para que serve a História.
Marc Bloch, 2001, p.
41.
Esta, certamente não é
um pergunta simples de ser respondida e, por essa mesma razão, faz-se mister
perscrutar os caminhos e descaminhos da história na tentativa de respondê-la
ainda que, não satisfatoriamente. São muitos os que assim como o garoto Henri,
filho do historiador Marc Bloch que questiona o pai sobre a importância de se
estudar a história na introdução da obra inacabada em 1943, de Bloch permanecem
sem resposta. A despeito disto, o teatrólogo Bertolt Brecht sublinha que todos
fazemos a história, para além dos heróis conhecidos, os anônimos, sem os quais
a história deixaria de ser história. A busca por possíveis respostas norteou
esta nada sucinta, porém, loquaz reflexão preambular acerca das relações entre
história oral, memória e ensino de história, promovendo reflexões
historiográficas a partir da análise bibliográfica dos conceitos de história
oral e memória perpassados pelo tempo presente.
Ainda nestes termos, o
historiador Peter Burke para quem a função da história seria de ordenar
informações sobre o passado (Burke, 1992) ou como nos propõe Eric Hobsbawm que
o historiador deve sempre lembrar o que a sociedade insiste em esquecer,
(Hobsbawm, 1995, p. 13) não basta ao historiador registrar apenas o passado,
mas refleti-lo, problematizadoramente calcado no presente.
Destarte, o
historiador do século XXI está singrando o "oceano da historiografia que
se acha povoado por inúmeras ilhas com sua flora e fauna particular",
(Barros, 2004, p. 08) tendo vez por vez, de ancorar em diversos portos,
formando um verdadeiro
[...] caleidoscópio de sub-especialidades
[...] perpassando um todo cada vez mais compartimentado deste campo do saber
[...] o historiador de hoje é um historiador da cultura, um historiador
econômico [...] micro-historiadores [...] fragmentação de especialidades.
(Barros, 2004, p. 08)
No novo século, a
hiper-especialização e as interconexões dos saberes são oriundos da crescente
complexificação do conhecimento humano que fazem do conhecimento histórico um
caleidoscópio com infinitas possibilidades de estudo. Ainda segundo o autor
"a história, neste início de milênio, divide-se em inúmeras modalidades
que fazem do ofício dos historiadores contemporâneos um universo vasto e
complexo" (Barros, 2004, p. 08). Destarte, não existem fatos exclusivamente
políticos, econômicos, religiosos, sociais ou culturais em um mesmo campo
historiográfico, todas possuem interfaces e enfoques para o desnudamento da
sociedade em um tom quase babélico de possibilidades.
Nós historiadores
somos tomados por um certo encantamento de fontes, se por um lado é um
manancial de possibilidades de pesquisa, por outro, pode ser o nosso calcanhar
de Aquiles. Pois, o risco de afogar-se nelas pode ser maior do que o da
'euforia da ignorância' (Ginzburg, 2007, p. 296). de que trata Carlo
Ginzburg. Afinal, o que fazer com as fontes que já dispomos? Não menos
despicientes são os aportes metodológicos e teóricos utilizados em uma
pesquisa, que constituem necessariamente, em como fazer? E com quem dialogar?
O desafio do professor
de história do século XXI é articular a produção historiográfica aos saberes
históricos no espaço escolar, bem como, a incorporação de diferentes linguagens
e narrativas históricas em sua práxis pedagógica, fazendo o uso adequado das
tecnologias de informação e comunicação aplicadas ao ensino da história
solapando os eixos tradicionais da história linear francesa quadripartite, por
uma história temática, interdisciplinar, problematizadora atenta às
transformações do novo século, a partir das relações de identidade-diferença,
continuidade-ruptura em diferentes contextos sócio-culturais. Eis, o grande
desafio do ofício do professor historiador (Soares, 2011, p. 09).
Trazemos aqui, uma
história do tempo presente à revelia dos que pensam equivocadamente que
história é coisa apenas do passado, rompendo com visões maniqueístas e evitando
cometer anacronismos. Neste contexto, cabe ao professor de história situar o
aluno enquanto sujeito histórico, agente transformador e crítico sa sua
realidade para o pleno direito da cidadania ensinando-o a aprender para
conhecer, fazer, ser e conviver por uma história atenta a temáticas para além
da história política ou econômica. Uma história cultural? História do tempo
presente?
Por uma história do tempo presente
Para pensar a história
do tempo presente, o conceito de René Rémond é basilar ao afirmar
(...) que é a história que vivemos: faz
parte das nossas lembranças e de nossas experiências. Ora, vale lembrar que
essa história exige igual rigor ou maior do que o estudo de outros períodos:
devemos enfatizar a disciplina e a higiene intelectual, as exigências de
probidade. (REMOND, 2006 p.206).
O autor em primeira
instância relaciona a história do tempo presente á lembranças ou memórias e em
seguida ressaltar o rigor científico com que os historiadores devem tratá-la,
exigindo do estudioso do tempo presente uma maior acuidade intelectual e
meticuloso arcabouço metodológico com o seu objeto de estudo locado no tempo
presente. Tal argumento está à revelia do que afirmou o historiador Eric
Hobsbawm, quando a
(...) vivência pessoal deste tempo molda
inevitavelmente a forma como o vemos, e até mesmo o modo como determinamos a
evidência à qual todos nós devemos apelar e nos submeter, independente de
nossos pontos de vista (...) a diferença de gerações é suficiente para dividir
os homens. (HOBSBAWM, 1995 p. 105).
No campo da pesquisa
histórica o distanciamento temporal dos fatos pouco importa a verossimilhança,
seja na antiguidade ou contemporaneidade desde que o estudo seja problematizado
como ponto de partida adequado quando se deseja reconstituí-la para melhor
compreender a realidade. Afinal, "toda história é uma história
contemporânea" afirmou Benedetto Croce por ser revisitada por
historiadores e para leitores do nosso tempo. Justificar-se a importância de se
estudar a história à medida que, desvelamos quem fomos, somos e seremos no
espaço e no tempo de maneira crítica rompendo com a visão maniqueísta e
evitando cometer anacronismos que tanto a história do pretérito quanto a do
presente podem incorrer. Faz-se mister afirmar que, a história do presente
remonta os tempos de Heródoto e Tucídides que faziam uso do testemunho oral, ou
seja, surgiu com a própria história. Com efeito, a historiadora Marieta de
Morais Ferreira alerta que,
É preciso lembrar que a história dos fatos
recentes nem sempre foi vista como problemática. Na Antiguidade clássica, muito
ao contrário, a história recente era o foco central da preocupação dos
historiadores. Para Heródoto e Tucídides, a história era um repositório de
exemplos que deveriam ser preservados, e o trabalho do historiador era expor os
fatos recentes atestados por testemunhos diretos. Não havia portanto nenhuma
interdição ao estudo dos fatos recentes, e as testemunhas oculares eram fontes
privilegiadas para a pesquisa" (2000, p.111).
Muito embora, na
atualidade se coloque toda uma complexidade dada os aportes
teórico-metodológicos dos quais fazemos usos ao optar por um recorte temporal
do tempo presente, o que para muitos significa um 'objeto problemático', o que
em nenhuma medida inviabiliza o sucesso da pesquisa, nem tampouco legitima a
expressão. De modo que, a discutível fragilidade da história do tempo presente
é na verdade uma fonte potencializadora que rompe com suas fragilidades.
Segundo Agnès Chauveau
e Philippe Tètart (1999, p. 07), o que convencionou-se chamar "de história
imediata, história próxima ou de história do tempo presente", nada mais
que é do que história. Jean Pierre Rioux(1999, p. 39), pergunta
lança o questionamento - "Pode-se fazer uma história do tempo
presente?"Sua resposta configuraria outro artigo, o que não é o caso,
embora de modo simplista sabe-se que sim, caberia justificar. Para tal, basta
perceber a grande profusão temática que os dias atuais propõe a oficina do
historiador. Para muitos historiadores que ainda resistem transitar pelas
regiões fronteiriças da história, a história do tempo presente não é lócus
temporal do historiador, como sublinha a pesquisadora Helena Isabel Muller
(2007, p.17) que E. P. Thompson afirmou "ao historiador cabia trabalhar o
passado, o presente seria pertinente aos estudos da sociologia." Um ledo
engano, no mundo atual tais barreiras tem sido diluídas em nome da
interdisciplinaridade. Já Pierre Lagrou (2007, p.31) pesquisador do IHTP -
Instituto de História do Tempo Presente enfaticamente afirma "o tempo
presente é passado", tal como o passado se faz no presente.
Com efeito, a abundância de fontes torna-se um grande desafio na construção de indagações que responda aos propósitos do historiador. Entre esses desafios, a proximidade com o objeto a ser estudado é o mais caro ao profissional da história. Como diria o poeta modernista Carlos Drummond de Andrade em sua elegia, poema de dor e luto ao historiador que não por acaso, "[...] veio para ressuscitar o tempo e escalpelar os mortos, as condecorações, as liturgias, as espadas, o espectro das fazendas submergidas [...]" (Andrade, 1980, p. 34). A esse respeito, Michel de Certeau questiona: "o que fabrica o historiador quando faz história? Em que trabalha? Que produz?" (Certeau, 1995, p. 17) tais questões remetem o historiador da importância de seu ofício para si e para o grupo social do qual pertence, auxiliando-o na construção do seu fazer, fazendo-se historiador como uma operação de construção de sentidos ao passado e ao presente, comungamos das mesmas inquietações do autor, acreditamos ser possível fazer história para além dos muros da academia. Certeau endossou ao afirmar que a operação historiográfica "[...] se refere à combinação de um lugar social, de práticas científicas e de uma escrita" (Certeau, 2002, p. 66). Esta operação de que tanto fala o autor, trata dos esforços empreendidos pelos que escrevem a história.
Com efeito, a abundância de fontes torna-se um grande desafio na construção de indagações que responda aos propósitos do historiador. Entre esses desafios, a proximidade com o objeto a ser estudado é o mais caro ao profissional da história. Como diria o poeta modernista Carlos Drummond de Andrade em sua elegia, poema de dor e luto ao historiador que não por acaso, "[...] veio para ressuscitar o tempo e escalpelar os mortos, as condecorações, as liturgias, as espadas, o espectro das fazendas submergidas [...]" (Andrade, 1980, p. 34). A esse respeito, Michel de Certeau questiona: "o que fabrica o historiador quando faz história? Em que trabalha? Que produz?" (Certeau, 1995, p. 17) tais questões remetem o historiador da importância de seu ofício para si e para o grupo social do qual pertence, auxiliando-o na construção do seu fazer, fazendo-se historiador como uma operação de construção de sentidos ao passado e ao presente, comungamos das mesmas inquietações do autor, acreditamos ser possível fazer história para além dos muros da academia. Certeau endossou ao afirmar que a operação historiográfica "[...] se refere à combinação de um lugar social, de práticas científicas e de uma escrita" (Certeau, 2002, p. 66). Esta operação de que tanto fala o autor, trata dos esforços empreendidos pelos que escrevem a história.
Considerações finais
Do alto do Olimpo, com
olhar contemplativo Clio, a musa da história com clarim heroico e sua
clepsidra, filha dileta entre as musas, compartilha com a sua mãe Mnemósine,
deusa da memória, a responsabilidade de não deixar obliterar o passado. A
memória gerou a história. A história registra a memória. Clio (Musa da história
e da criatividade, conhecida como a proclamadora, cujo nome representa
celebrações e perpetuidade) mira no passado para explicar o presente, pari passu, projetar o futuro dizendo: -
Decifre-me ou lanço-te no mar do esquecimento, atirando-o ao limbo. Do
contrário, é desvelar quem fomos, somos e seremos no espaço e no tempo de
maneira crítica rompendo com a visão maniqueísta, confazendo, um todo nada
anacrônico. Assim sendo, "o historiador, este detentor do olhar arguto que
é capaz de ver o que não mais se impõe a visão", (Pesavento, 2004, p. 25)
municiado de seu aparato crítico e ancorado na perspectiva do presente, tem sua
atenção mais recentemente voltada para o ensino da história.
O historiador não é
mais o profissional que estuda o passado acabado, mas a sua relação com o
presente inacabado em que as fontes não falam por si, há que fazê-las falar a
partir das inquietações do presente. Somos, pois, convidados a revisitar
temporalidades mais recentes e fontes diferenciadas, lançando mão quase sempre,
das mesmas perguntas que faria um historiador do século XVIII a suas fontes,
mas tracejando novos caminhos de pesquisa.
Para Chartier, a
história do tempo presente desperta um mau sentimento: a inveja (Chartier,
1996, p. 215). Com efeito, além de contar com recursos documentais abundantes
sejam visual, escrita e sonora que parecem não se esgotar, mas, ao contrário,
se multiplicam na sociedade contemporânea. Aos novos historiadores cabe fazer
boas escolhas em meio ao manancial de fontes apensadas. Mais uma vez somos
convencidos da assertiva de Le Goff que o historiador deve "decidir sobre
aquilo que irá considerar como documento e o que irá rejeitar", (Le Goff,
2003, p. 101), podendo construir seus próprios repositórios digitais de
documentos.
Nesta seara em que tudo é história, passado presente e futuro confundem-se. Somos e fazemos história. Entendê-la é compreender a si e ao mundo, com a consciência do que fomos para transformar o que seremos. Dito isto, voltemos a pergunta inicial: Para que serve a história do tempo presente? Para saber quem fomos, conhecer quem somos e projetar quem seremos.
Nesta seara em que tudo é história, passado presente e futuro confundem-se. Somos e fazemos história. Entendê-la é compreender a si e ao mundo, com a consciência do que fomos para transformar o que seremos. Dito isto, voltemos a pergunta inicial: Para que serve a história do tempo presente? Para saber quem fomos, conhecer quem somos e projetar quem seremos.
Referências
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Prezado Fagno,
ResponderExcluirPrimeiramente quero parabenizar sua pesquisa. Interessante a maneira como você liga a pesquisa acadêmica a relevância social para um grupo e dialogando com os autores expõe que a história enquanto exercício da relação entre lugar social, pratica cientifica e escrita. O historiador enquanto não só aquele que sistematiza uma memória, mas que trás a tona o que não deve ser esquecido e com isso, creio que não é impertinente afirmar se posiciona a favor do empoderamento ou do descobrimento de grupos e movimentos. Sendo assim é possível ligar os aportes da história do tempo presente o reforço dos espaços e grupos ligados à construção da autonomia e das lutas sociais?
Joilson de Souza Toledo
Caríssimo Joilson
ExcluirCompreendemos, pois, a história do tempo presente enquanto campo de investigação profícuo de estudos historiográficos, evidenciando operações concatenadas e sobretudo problematizadas de processos temporalizados nos séculos XX e do início deste século XXI, diferente da chamada história imediata.
Compreendemos, pois, a história do tempo presente enquanto campo de investigação profícuo de estudos historiográficos, evidenciando operações concatenadas e sobretudo problematizadas de processos temporalizados nos séculos XX e do início deste século XXI, diferente da chamada história imediata. Destarte, cabe os historiadores deste temporalidade debruçar-se sobre temáticas diversas em meio a multiplicidade temática e de fontes entre tais, as demandas sociais emergentes. A história do tempo presente pretende em certa medida dar conta das mudanças do mundo sociais contemporâneo nos espaços rurais e urbanos. Desde as relações do mundo do trabalho passando pelas tensões identitárias, até a expansão das tecnologias da informação, comunicação e inovação.
Caro Joilson
ExcluirSobre história oral, o pesquisador José Carlos Sebe Bom Meihy (2005, p. 29) afirma ser uma "[...] prática de apreensão de narrativas [...]" que objetiva "[...] promover analises de processos sociais do presente e facilitar o conhecimento do meio imediato". A história oral está para o tempo presente assim como o marxismo está para os excluídos dando voz aos silenciados e evidenciando os esquecidos da história. Para Etienne François (FERREIRA & AMADO, 2001, p. 4) a história oral privilegia o cotidiano e a vida privada valorizando a historicidade local e regional da "[...] história vista de baixo [...]", ou seja, dos marginalizados "[...] numa perspectiva decididamente micro-histórica". Logo, história oral e micro-história são simbióticas sobretudo quando lincadas ao tempo presente como forma possível.
FERREIRA, Marieta de Moraes; AMADO, Janaína. (coords.) Usos & Abusos da História Oral. Rio de Janeiro: FGV, 1996.
MEIHY, José Carlos Sebe Bom. Manual de história oral. 5. ed. São Paulo: Loyola, 2005.
Prezado Fagno,
ExcluirObrigado pelas ponderações e pelas referências.
Pensar o campo da história no século XXI é de fato refletir sobre uma diversidade de abordagens e caminhos a serem percorridos. Nas discussões acerca do ensino de História na atualidade tem se falado bastante sobre o papel do professor, aquele que deve provocar uma reflexão em sala de aula e não simplesmente "repassar conteúdos".A História do tempo presente é um dos caminhos que podem proporcionar discussões profícuas ao tratar de temas de outras épocas a partir de uma problemática atual. Nesse sentido, de que forma a História do tempo presente pode contribuir na construção da consciência histórica em sala de aula? Se possível compartilhe experiências sobre isto. Parabéns pelo texto!
ResponderExcluirOsmael Márcio de Sena Oliveira
Nobre Osmael,
ResponderExcluirUma abordagem possível da História do Tempo Presente é o retorno do político na perspectiva de Rene Rémond antenada nos processos sociais contemporâneos ou mesmo na possibilidade da história do tempo presente seja no campo das linguagens enquanto expressões discursivas que constroem e dão sentido ao mundo numa perspectiva chartierziana. A história recente do Brasil Contemporâneo é um rico filão aos professores da educação básica. Soma-se a isto o uso da metodologia da história oral para realização de projetos de história local. Cabe ao professor desafiar seus alunos na realização de projetos exequíveis unindo a história oral, a memória e o tempo presente para a construção de uma consciência histórica para seus alunos.
8) Boa noite.
ResponderExcluirVocê acredita que o historiador deve manter o distanciamento e a neutralidade no momento em que for se dedicar ao estudo do tempo presente, evitando dessa forma “contaminar” com sua opinião, muitas vezes emocionais, sobre o período em questão?
Ou considera inevitável que não haja a influência do meio em que vive?
Debora Shizue Matias Takano
Olá, Caro Fagno. Texto muito interessante, parabéns pela proposta e nível de discussão bibliográfica. A História do Tempo Presente, quanto teoria já consolidada no campo da investigação, traz possibilidades distintas para quem trabalha com ela. Duas delas, é a distinta forma de lidar com as fontes e o estranhamento do fato, o qual, muitas vezes, está a acontecer. Nesse sentido, você acha que, com relação à construção da consciência histórica, como discutido acima, e utilização de temas da História do Brasil recente o professor pode utilizar a metodologia da história comparada, fazendo uma relação com trauma, memória e a Ditadura-civil militar brasileira para atender uma demanda política atual? Desde já grato.
ResponderExcluirJairo Fernandes
Prezado Fagno,
ResponderExcluirGostaria de parabenizar pela pesquisa. Realmente é necessário o olha mais apurado sobre a história do tempo presente para que as possibilidades de. Crítica e narração dessa história possam ser registradas.
Um dos grandes desafios para o trabalho em HTP é o distanciamento do seu objeto de estudo que esta presente muitas vezes e exigindo posicionamentos do profissional de história, principalmente em sala de aula. Voce acredita que a discussão teórica da HTP pode ser aplicada em sala de aula? Quais ferramentas podemos utilizar em sua aplicação?