PÉS AMARRADOS - VIDAS EM LAÇOS
UMA REFLEXÃO SOBRE O RITUAL DOS
PÉS DE LÓTUS E A FORÇA DA AMIZADE ENTRE AS MULHERES DO SÉCULO XIX, NA CHINA E A
EDUCAÇÃO DAS MENINAS NO BRASIL
Helayne Cândido
O propósito deste texto é elaborar uma comparação e a
reflexão sobre os padrões de beleza impostos para as mulheres, a partir do caso
chinês, e relacionando-o com fins educativos ao caso brasileiro, tendo como
base o livro “Flor de Neve e o Leque Secreto” [2005], escrito pela autora americana
Lisa See.
O livro aborda as difíceis condições femininas da China do
século XIX, nos quais as mulheres eram submetidas a terríveis práticas sociais
e estéticas. A estrutura do texto funciona como um diário, em que Lisa See usa
a personagem Lily como narradora, e descreve a maneira como ela é colocada no
mundo das mulheres adultas, com o objetivo de obter um bom casamento. De
maneira mais objetiva, trata-se do ritual dos “Pés de Lótus”
[...] Setenta e cinco anos se passaram,
e eu ainda me lembro da sensação da lama entre meus dedos, da água correndo
sobre os meus pés, do frio contra a minha pele. Lua Linda e eu éramos livres de
uma forma que jamais seríamos de novo. (p. 27)
E qual relação este acontecimento de uma cultura tão
distante possui com nosso país? Vejamos: vivemos em um país de mulheres
exuberantes, com corpos milimetricamente desenhados por cirurgiões plásticos,
verdadeiras esculturas, o que não me parece uma ideia diferente do processo dos
Pés de Lótus, dependendo do seu objetivo. Aqui saliento que a mulher é livre
para fazer o que bem entende com o seu corpo, desde que ela tenha consciência
disto, do seu lugar na história e porque de seu desejo. O que se pretende
observar são as cobranças pelas quais as mulheres passam para se sentirem
aceitas ou incluídas na sociedade.
Tudo o que eu sabia era que a bandagem
dos pés me tornaria um partido melhor e, portanto, me aproximaria daquilo que é
a maior alegria e a maior paixão da vida de uma mulher – um filho homem. Para
tanto, o meu objetivo era conseguir um par de pés perfeitamente contidos com
sete atributos distintos: eles deveriam ser pequenos, estreitos, retos,
pontudos e arqueados, além de cheirosos e macios. De todos esses atributos, o
tamanho é o mais importante. Sete centímetros – mais ou menos o tamanho de um
polegar – é o ideal. [...] Se eu conseguir isso, minha recompensa será a
felicidade. (p. 41)
Descrição, no mínimo chocante, aos nossos olhos ocidentais.
Mas o que podemos julgar como sendo aterrorizante, quando em nosso próprio país
também há meninas com esse objetivo, tendo como plano de vida, a busca pelo
corpo perfeito para um bom casamento, em pleno século XXI. A intelectual Naomi
Wolf denunciou esse fenômeno em seu livro O Mito da Beleza (1992), explicitando
que um dos desafios da história da mulher seria superar a ideia de que a beleza
é uma ponte para o sucesso social.
A história se passa na China, durante o século XIX. Meninas
de algumas aldeias são submetidas ao ritual dos Pés de Lótus, para conseguirem
um bom futuro. Não que isto seja garantido, visto que o não nascimento de um
filho homem poderia lhe acarretar vergonha, e sabendo que trabalhariam exaustivamente
para sua sogra, com a qual, provavelmente, não teria uma boa relação. Seria
isso, ou viver a margem da sociedade chinesa. Difícil comparar o que seria
menos pior naquela época.
Descrevendo toda uma cultura daquele período, Lisa See conta
sobre os sentimentos de amor e amizade desenvolvidos no emaranhado da vida
dessas meninas, que se unem para suportar a dor física, por um futuro melhor. Essa
dor, sentida por essas meninas de cinco ou seis anos, até mesmo três, não era
importante. Suas vontades, seus pensamentos, seus sentimentos, não eram levados
em consideração. Expressar tudo isso era proibido.
A ideia estava além da minha
compreensão. Meus pés latejavam. Poucos minutos antes eu estava tão segura da
minha coragem. Agora fiz o possível para conter as lágrimas, mas não consegui.
Titia bateu no ombro de Lua Linda.
- Levante-se e ande.
Terceira irmã ainda estava no chão,
soluçando.
Mamãe arrancou-me da cadeira. A palavra
dor não descreve o que eu estava
sentindo. Meus dedos estavam presos sob meus pés, de modo que todo o peso do
meu corpo caía sobre eles. Tentei me equilibrar sobre os calcanhares. Quando
mamãe viu, me bateu. (p. 44)
Porém, houve uma forma de tornarem todo esse sofrimento, um
tanto quanto, acalentado. Algumas mulheres desenvolveram uma linguagem própria,
chamada nushu. A escrita nushu realmente existiu, como podemos
atestar nessa introdução histórica do livro feita pela própria autora:
http://www.lisasee.com/onwriting.htm
Uma linguagem reconhecidamente feminina. Elas usavam tais caracteres em lenços e leques, escrevendo seus desabafos em forma de pequenas frases ou canções e poemas. Muitas dessas meninas tinham suas histórias unidas para formarem uma aliança de afinidades e companheirismo para o resto da vida, como uma melhor amiga, chamada laotong. Flor de Neve era a laotong de nossa Lisa See, a pequeno Lírio.
http://www.lisasee.com/onwriting.htm
Uma linguagem reconhecidamente feminina. Elas usavam tais caracteres em lenços e leques, escrevendo seus desabafos em forma de pequenas frases ou canções e poemas. Muitas dessas meninas tinham suas histórias unidas para formarem uma aliança de afinidades e companheirismo para o resto da vida, como uma melhor amiga, chamada laotong. Flor de Neve era a laotong de nossa Lisa See, a pequeno Lírio.
[...] Minha tia começou a me ensinar o nu shu. Na época, não entendi bem por
que ela se interessou particularmente por mim. [...] Mas minha tia estava na
verdade torcendo para trazer a escrita para as nossas vidas, para que Lua Linda
e eu pudéssemos compartilhá-la para sempre. (p.39)
Mas qual a relação disso tudo com o Brasil e/ou com a
educação? Ora, vivemos em tempos em que as mulheres lutam por seus direitos e
muito foi avançado nesse sentido, graças à luta de nossas antepassadas. Em
contrapartida, muitas mulheres também não entenderam o que é de fato o feminismo,
e vivem como que presas a uma ideia de submissão aos maridos, de falta de amor
próprio, de não aceitação de seu corpo. Esses fatores se apresentam nas escolas,
e como muitas vezes a maneira de pensar ou o despertar para uma outra visão
acontece nela, nós como professores e professoras temos que debater tais
assuntos com nossos alunos e alunas. Instigar a dúvida, essa é nossa missão.
Como criticar meninas que se submetiam a tal tortura, no século XIX, se em
pleno século XXI, no ocidente, deste lado do mundo, mulheres repetem ou são
cobradas no mesmo sentido? E por quê?
Cabe a educação de nossas meninas, questionar um futuro
pré-estabelecido a elas e torná-las conscientes de suas possibilidades. Mas, de
maneira alguma, deve-se julgar as meninas que se submetiam ao ritual dos “Pés
de Lótus”. Devemos sim, admirá-las em sua força, coragem e ousadia em criarem o
nu shu. E esses três elementos devem
ser plantados em nossas meninas.
Durante a leitura do livro,
percebe-se que estas meninas não sofrem apenas a dor física da bandagem em seus
pés. Elas também sofrem, indiretamente, uma pressão psicológica. Como ainda
muitas meninas, e tendo na figura da mãe como um ser que as ama, o que as mães
lhe faz passar é cruel, mas também é um ato de amor. E se elas se recusam ao
ritual, não estariam agradando sua mãe. É uma relação um tanto complexa, para
meninas tão pequeninas conseguirem compreender, com clareza, o que está
acontecendo com elas. E tudo isso dentro de suas casas! O que ao fazermos uma
relação com a sociedade brasileira, sabemos que muitas mulheres também sofrem
os mais variados tipos de violência, dentro de seus próprios lares.
[...]
dentre todos os tipos de violência contra as mulheres existentes no mundo,
aquela praticada no ambiente familiar é uma das mais cruéis e perversas. O lar,
identificado como local acolhedor e de conforto passa a ser, nestes casos, um
ambiente de perigo contínuo que resulta num estado de medo e ansiedade
permanentes. Envolta no emaranhado de emoções e relações afetivas, a violência
doméstica contra a mulher se mantém, até hoje, como uma sombra em nossa
Sociedade (Revista Unifebe, p.3, 2004).
Uma atividade para a aula
Como proposta de atividade,
sugiro que ao abordamos os aspectos da cultura chinesa, para além do livro
didático, seria interessante realizar a leitura de um trecho do livro de Lisa
See, sobre a bandagem dos pés das meninas. Em seguida, realizar uma troca de
ideias sobre tal acontecimento e instaurar a dúvida se este processo ainda
ocorre na China. Logo, a pesquisa seria solicitada e talvez até uma exposição com
cartazes seria interessante. Junto a isso, seria preciso salientar que antes de
qualquer comentário sobre tal prática, precisamos observar o que em nosso
próprio país acontece com meninas, precocemente também. Até que ponto essas
meninas possuem poder de escolha, consciência sobre tais atos, e de que forma
podemos modificar tais situações?
Por
ser mais velha, fui a primeira, e estava determinada a mostrar o quanto era
corajosa. Mamãe lavou os meus pés e esfregou-os com alume, para contrair o
tecido e limitar as inevitáveis secreções de sangue e pus. Cortou minhas unhas
o mais rentável possível. Durante esse tempo, minhas ataduras ficaram de molho,
para que quando secassem na minha pele ficassem ainda mais apertadas. Em
seguida, mamãe pegou uma das pontas de uma atadura, colocou-a na parte de
dentro do meu pé, depois puxou-a por cima dos meus quatro dedos menores para
iniciar o processo de empurrá-los para baixo. Dali, passou a atadura pelo meu
calcanhar. Mais uma volta ao redor do tornozelo para prender e estabilizar as
duas primeiras voltas. A ideia era fazer com que meus dedos se encontrassem com
o meu calcanhar, criando uma fenda, mas deixando de fora o dedão para eu
caminhar sobre ele. Mamãe repetiu esses passos até ter usado a atadura inteira;
titia e vovó ficaram olhando por cima do ombro dela o tempo todo,
certificando-se que não havia nenhum vinco no pano. Finalmente, mamãe costurou
a ponta bem apertada para que as costuras não afrouxassem e eu não pudesse
soltar o pé. ( p.42)
Num país onde a taxa de
meninas grávidas é precoce, onde ainda separam brinquedos para serem de meninos
ou meninas ou a cor da roupa é escolhida de acordo com o sexo, ou onde se
escuta meninas de quatro anos dizerem que querem colocar silicone quando crescerem,
ler este livro traz uma certa proximidade, quando lemos por exemplo que [...]
nem todos os meninos se tornam imperadores, mas todas as meninas se casam.” (p.
97) Percebemos aqui, um futuro já determinado pelo seu sexo e em nossa cultura,
se você não tiver um corpo esbelto e rebolar direitinho, não será aceita no
grupo, não terá nem casamento, nem status ou nem aparecerá na tv. Por causa
disso, estatísticas recentes mostram que ao menos uma mulher morre, por mês, de
operações plásticas mal sucedidas [http://noticias.r7.com/saude/ao-menos-uma-pessoa-morre-por-mes-em-cirurgias-plasticas-no-brasil-25022013]; do mesmo modo, o número de meninas grávidas só tem aumentado, implicando no abandono da escola a na formação de famílias
desestruturadas [http://g1.globo.com/educacao/noticia/2015/03/no-brasil-75-das-adolescentes-que-tem-filhos-estao-fora-da-escola.html] Sim, as mulheres hoje
alcançaram muitas conquistas, mas a preocupação precisa estar voltada a que
consciência elas tem disso. O porquê desejam fazer, o para quê e qual o
objetivo?
Se houve, nos anos 60, um convite à
libertação do corpo, essa libertação mostra-se, muitas vezes, limitada pelo
controle político da corporeidade. Le Breton (2007) questiona e critica esse
convite, pois, na verdade “o homem só será “libertado” quando qualquer
preocupação com o corpo tiver desaparecido” (p.87). Frente à propagação de
infinitos discursos especializados, esse ideal parece cada vez mais distante
(BOLTANSKI, 2004). Segundo Goldenberg (2007), se, por um lado, o corpo da
brasileira emancipou-se de antigas servidões (sexuais, procriadoras ou
indumentárias), de outro está mais do que nunca submetido às regulações
estéticas. (Aquino, p.31)
O que penso ser necessário
é tornar nossas meninas donas de si! Conscientes de seus direitos e da
liberdade que possuem como pessoas, podendo ser o que elas quiserem,
independente do tamanho do sutiã. É na escola que esse debate e o exercício
para a reflexão devem acontecer. Conhecer o texto de Lisa See, nos proporciona
uma ferramenta para contribuir na educação de nossas meninas, para que elas
percebam onde estão inseridas e para que possam questionar o que o senso comum
dita como regra.
Referências:
AQUINO, Thalita Ágata Moura de. Do “se esconder” ao “se mostrar”: cirurgia plástica e normalização
entre mulheres jovens de classe popular. Disponível em:
Acesso em fevereiro de 2016
Revista da Unifebe. Violência
doméstica contra a mulher: breve análise sobre a igualdade entre homens e
mulheres no decorrer de situações históricas Diego Vinícius Mattos da Rocha
Mariane Gonçalves Michele Darossi Disponível em:
https://www.unifebe.edu.br/revistadaunifebe/2009/artigo030.pdf Acesso em: fevereiro de 2016.
SEE, Lisa. Flor de
Neve e o Leque Secreto / Lisa See; tradução de Léa Viveiros de Castro. –
Rio de Janeiro: Rocco, 2005.
WOLF, Naomi. O Mito
da Beleza. Rio de Janeiro: Rocco, 1992.
Cara Helayne,
ResponderExcluirÓtimo texto!
Que tipo de atividades podemos realizar para exercitar a comparação Brasil x China, a partir da fonte?
André Bueno =)
Olá André!
ExcluirPenso que seria possível uma abordagem para além do livro didático, quando este por exemplo, foca mais no aspecto econômico da China, que cultural. Visualizar outras formas de cultura, outras formas de enxergar o mundo é também voltar o olhar para nós mesmos, ou no caso, para nós mesmas.Perceber fatos como o processo de enfaixar os pés de meninas tão novas, é perceber o que também acontece com nossas meninas e muitas vezes, passa despercebido. Ficamos chocados com fatos cruéis com meninas de outros países ( e isso não é de menor importância), mas não nos enfurecemos com o que acontece a nossa volta. Por isso, penso que existem várias formas de se abordar esse livro em sala de aula. Seja trabalhando sobre China, seja comparando várias outras culturas, seja refletindo sobre a nossa. Leitura, debates, exposições e teatros... são algumas ideias que me viriam a cabeça... vai do professor sentir sua turma e colocar seu plano em ação.
Grata pela pergunta.
Você pensa que a situação da mulher na china pode servir de exemplo pro brasil? ouvi que lá elas são forçadas a se submeter ao homem, largam criança na rua, só pode ter um filho. que pode dizer sobre isso?
ResponderExcluirobrigada,
Kelly Cristina
Olá Kelly!
ExcluirNão! Não penso que a situação das mulheres chinesas "servem" de exemplo para nós brasileiras. Penso que deve ser questionada tanto quanto! Comparar, como foi o propósito deste texto, é visualizar situações sofridas pelas mulheres, nos mais variados tempos e nos mais diferentes lugares deste planeta. Nossos alunos e alunas, precisam saber o que acontece e refletir sobre tal.
Grata pela pergunta.
oi Helayne,
ResponderExcluirque voce acha do livro do sonho do quarto vermelho?
Como pode usar ele na aula?
obrigado,
Luis antonio
Olá Luis!
ExcluirNão li este livro.
Fico te devendo...
Grata.
Olá Helayne. Gostaria de saber se quando você pesquisou o tema para passar em sala você encontrou algum relato ou escrita dos homens em relação a este ritual chinês? Penso que seria interessante, ao mesmo tempo em que empoderamos nossas alunas, trabalhar com os alunos o papel do homem neste processo de criação de beleza para as mulheres, o quanto eles contribuem para manter este padrão. Obrigada.
ResponderExcluirCarolina Corbellini Rovaris
Olá Carolina!
ExcluirÓtima pergunta! E confesso que rondou meus pensamentos também. No livro consta que apenas mulheres conheciam o nu shu. Entendo essa escrita como um ato de rebeldia com doçura. Elas davam forças umas as outras, com palavras encantadoras. Sua ideia rende uma pesquisa hein!
Grata pela pergunta!
De modo que pensamos a história verdadeira, com o passar dos ano se torna uma parábola.Essa menina contou esse relato é por que marcou sua vida,Em sala de aula podemos trabalhar sobre isso se torna interessante.
ResponderExcluirAngela Maria Maritz Carriel.
Olá Angela!
ExcluirQuem é apaixonada por História, sabe que podemos viajar e conhecer outros mundos através dos livros. Poder proporcionar aos nossos alunos e alunas essa aventura, penso ser nosso papel. Além de nos aprimorarmos.
Grata.
Olá Helayne!
ResponderExcluirMuito interessante seu trabalho, principalmente quando propõe levarmos para sala de aula o exercício da “consciência de si” que muito pode contribuir para a educação de nossas alunas.
Acho também muito importante, como vc mesma frisou, que não se estabeleça uma comparação entre as culturas, não só devido ao recorte temporal, mas também devido a diferença de costumes e mesmo dos padrões sociais e de beleza existentes entre a sociedade ocidental e a sociedade asiática. No entanto, seu trabalho me trouxe uma interrogação: como vc avalia o casamento, pensado enquanto fator de inserção social feminino?
Att
Elizabeth P. A. Fonseca
Olá Elizabeth!
ExcluirPenso que você se refere ao casamento das meninas chinesas, certo? Na história que se passa no livro, fica evidente e ao mesmo tempo,emociona, a questão da força dessas meninas tão novas, com a responsabilidade que lhes é atribuída. Para se ter um casamento "bom", naquele período,não bastava apenas passar pela dor de enfaixar os pés,eles ainda precisavam ficar lindos seguindo um padrão. Essas meninas incorporavam uma coragem gigantesca, pelo bem da família, mas também pensando em si mesmas, visto que era isso, ou a margem da sociedade. Passar por todo esse sofrimento, era um sopro de esperança, relatados nas comunicações com o nu shu.
Pensando no lado de cá e nos dias atuais, também podemos considerar que sim. Nossa sociedade é preconceituosa com mulheres solteiras com mais de trinta, ou que ainda não tiveram filhos, ou mulheres divorciadas. A cobrança em cima de nós mulheres é sempre grande!Trabalhar assuntos como este em sala de aula,usando esse livro como exemplo, é um exercício de libertação para nossas alunas. Para que elas sejam livres em suas decisões. Para que elas se casem com quem desejarem a hora que quiserem ou simplesmente não.
Obrigada pela pergunta. =]
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlá!
ResponderExcluirPartindo dessa reflexão, podemos analisar muitas amarras sociais, tanto das mulheres, quanto dos homens, pois ambos tem futuros pré-definidos graças a algumas permanências da sociedade. Porém, o tema da mulher é muito mais complicado, pois suas questões são menos debatidas, pouco estudadas. Ao meu ver, essas questões devem ser trabalhadas desde o ensino fundamental, pois a criança é apresentada aos esteriótipos desde o nascimento, dentro de casa, sua opinião também é essa? Quais cuidados devem ser tomados ao tratar desse assunto com crianças?
Agradeço desde já sua atenção,
Pedro Ernesto Miranda Rampazo
Olá Pedro!
ExcluirAdorei a pergunta!
Sim! Sim! E sim! Esses questionamentos devem ser trabalhados desde cedo sim! Para tratar desse assunto com crianças é necessário apresentar uma linguagem próxima delas e penso que sempre levando ao questionamento. Fazê-las pensar! Qual o por que isso ou aquilo? Por que pode ou não pode? Questionamentos que muitas vezes não fazem em seus lares. Educar é libertar! Eu mesma já ouvi meninas de pouquíssima idade dizerem ter como sonho, colocar silicone (3/4 anos) A mulher pode colocar silicone onde ela quiser... mas uma criança falar sobre isso me causa espanto!Já abordei assuntos parecidos com meninas do quinto ano do ensino fundamental, e a tempestade de perguntas é gritante, visto que se mostra um outro leque de possibilidades para além do mundo que elas conhecem e que possivelmente não é debatido em casa. Levanto a bandeira do ensino longe de preconceitos e voltado para a humanização das pessoas desde a mais tenra idade, afinal é de pequeno.... rs....
Grata pela pergunta! =]
Olá Helayne!
ResponderExcluirGostei muito do seu texto, e gostaria de saber como você percebe as meninas dentro da nossa sociedade, estou falando de crianças de 5,6 anos. Elas apresentam mesmo com tão pouco idade que precisam se enquadrar os moldes que nossa sociedade apresenta.
Obrigada,
Giane Kublitski
Olá Giane!
ExcluirSim! Meninas de pouca idade aqui no nosso país também são apresentadas a padrões de beleza muito precocemente, como por exemplo, o que citei na resposta para nosso colega Pedro. Deixo claro que as mulheres são livres para fazer o que quiserem com seus corpos, mas é hipocrisia criticar o que as meninas chinesas passavam e achar bonitinho falar que se a menininha não passar batom ou usar brinco não arranjará um namoradinho. Não há como medir tais situações,mas há que se questionar o que fazemos com nossas crianças, mais especificamente, com nossas meninas. É preciso olhar para o outro para entendermos quem somos.... ou fazemos.
Grata pela pergunta!
Olá Helayne,
ResponderExcluirDevo parabenizá-la pelo texto, pois sua narrativa gera muitos questionamentos acerca da Educação Feminina, em como as mudanças ainda são pequenas, porém significavas. Sabendo que a educação e os valores que nossos alunos possuem vêm de casa, ao ler seu texto fiquei pensando se há alguma resistência sobre esse assunto em sala de aula, com relação aos meninos? Já teve alguma experiência de estar falando sobre esse tema, e ouvir algo como "mas minha mãe disse" ou "mas meu pai me ensinou"... De forma negativa, entende? Afinal, ainda ouvimos coisas como " homem não chora", "rosa é só pra meninas e bonecas também", etc etc etc
Atenciosamente
Sarah Grasiele Machado.
Olá Sarah!
ExcluirSim! Há resistência. Olha... costumo dizer sempre que o maior "obstáculo" se assim podemos dizer, são os pais, infelizmente. É preciso muito jogo de cintura para libertar nossos alunos e alunas das amarras que os prendem,de uma sociedade ainda machista e preconceituosa com as mulheres. Percebo que muitos dos questionamentos que são feitos em sala hoje com meninas de 10 ou 11 anos,não foram feios a mim, por exemplo, então isso já é um grande avanço! Essa nova geração, questiona e sabe que pode lutar pelo que acredita! Mas nosso papel ainda continua sendo fundamental nesse processo. Resistência encontraremos sempre. Mas temos que tentar!
Grata pela pergunta!