ESTILOS DE APRENDIZAGEM NO PROCESSO
DIDÁTICO-PEDAGÓGICO DA DISCIPLINA HISTÓRIA
Daniel Rodrigues de Lima
Daniel Rodrigues de Lima
Introdução
O objetivo do artigo é
analisar como a teoria dos estilos de aprendizagem pode contribuir no ensino e
na aprendizagem da disciplina História, além de compreender o que são esses
estilos e as suas principais teorias e simular uma prática com sua a
utilização.
Estilos de aprendizagem: conceitos e
principais teorias
No entendimento de
Barros (2008, p. 15) estilos de aprendizagem são: “[...] maneiras pessoais de
processar informação, os sentimentos e comportamentos em situações de
aprendizagem", ou seja, são formas de identificar como os sujeitos
aprendem de uma maneira mais significativa, onde se busca compreender qual o
estilo predominante de cada um, havendo uma busca para o desenvolvimento dos
demais.
A teoria dos estilos
de aprendizagem busca mostrar como os indivíduos se apropriam do conhecimento a
partir das competências e habilidades no processo de aprender. Dessa forma
segundo Cerqueira (2006, p. 35):
O estilo de aprendizagem chama nossa
atenção no sentido de compreender que cada um tem um jeito próprio de aprender
e ensinar, no entanto, o professor ainda ensina segundo seu próprio estilo de
aprendizagem sem levar em consideração que o aluno também tem um estilo de
aprendizagem que é único. [...]
Entende-se que o papel
do professor nesse processo é de mediador e de identificar os estilos de
aprendizagem dos alunos, devendo buscar mecanismos que estimulem os estilos
menos desenvolvidos dos educandos no processo de aprender. Sobre o papel
do professor, Cathólico (2010, p. 3), nos informa:
De acordo com Blanc (1996), os estudantes
aprendem mais por si mesmos e os professores não poderão transmitir
conhecimentos previamente estruturados, mas orientar na seleção, ordenação e
avaliação do conhecimento disponível, auxiliando os estudantes a pensar e
organizar seus próprios caminhos de aprendizagem, ou seja, mediar.
Tentou-se, acima
conceituar o que são estilos de aprendizagem, diante disso, se entende que são
diferentes maneiras de perceber e processar as informações, sendo formas ou
maneiras diferentes como cada um dos indivíduos aprende, ou seja, não é o que
se aprende, mas, a forma como se comporta durante o processo de aprendizagem.
Vários foram os
modelos e teorias criadas acerca dos estilos de aprendizagem, sendo propostas
por educadores e psicólogos, em sua maioria, contudo o eixo básico de tais
teorias ou modelos partem do seguinte: existem três caminhos perceptivos sendo
estes: o visual, o sinestésico e o auditivo. Neste momento vai se descrever as
principais teorias sobre estilos de aprendizagem, destaca-se as seguintes: a de
David Kolb; Myers e Briggs; e Felder e Silverman.
David Kolb, em 1976,
elabora um instrumento chamado Inventário de Estilos de Aprendizagem, com o
objetivo de identificar o estilo de aprendizagem preferencial dos estudantes.
Em sua teoria de estilos de aprendizagem existem duas dimensões: a percepção e
processamento da informação.
A combinação das duas
dimensões origina quatro tipos de estilos de aprendizagem: o Divergente
(concreto e reflexivo) tendo como ponto forte a imaginação, o Assimilador
(abstrato e reflexivo) tendo como ponto forte a criação de modelos teóricos
através de um raciocínio indutivo, o Convergente (concreto e reflexivo) sua
aprendizagem se dá a partir da aplicação de ideias à prática e o Acomodador
(concreto e ativo) que aprende melhor experimentando e executando
aquilo que é ensinado para melhor aprender. Acerca disso Barros (2008, p 3),
expõe:
Ainda nos estudos sobre Kolb podemos
destacar que o ciclo de aprendizagem se organiza pela experiência concreta,
passando pela observação reflexiva, pela conceitualização abstrata e, por fim,
pela experimentação ativa.
Kolb salienta que para
um melhor aprendizado ou aprendizagem significativa deve-se explorar os quatro
estilos, apesar dos aprendizes possuírem maior afinidade com um deles.
Myers e Briggs
acreditam nos estilos de aprendizagem como reflexos psicológicos, em sua teoria
estabelecem quatro dimensões de estilos de aprendizagem: orientação para a vida
(extrovertidos e introvertidos), percepção (sensoriais e intuitivos),
julgamentos de ideias (objetivos e subjetivos) e orientação para o mundo
externo (julgadores e perceptivos).
Estudantes extrovertidos focam no mundo
externo, experimentam as coisas e buscam interação em grupos, enquanto
introvertidos focam no mundo interno e das ideias (sic), pensam sobre as coisas
e preferem trabalhar sozinhos.
Estudantes sensoriais são práticos, seu
foco está direcionado para os fatos e produtos. Mostram-se mais confortáveis
com a rotina. Já estudantes intuitivos são imaginativos, seu foco está voltado
para significados e possibilidades. Preferem trabalhar mais em nível
conceitual. Mostram-se avessos à rotina.
Estudantes objetivos e com tendência a
tomar decisões baseadas na lógica e regras são denominados reflexivos.
Estudantes subjetivos e com tendência a tomar decisões baseadas em
considerações pessoais e humanísticas são denominados sentimentais.
Julgadores são estudantes que preferem
seguir agendas e possuem ações planejadas e controladas; perceptivos são
estudantes que possuem ações espontâneas e procuram adaptar-se de acordo com as
circunstâncias. (ALMEIDA, 2010, p. 43, grifos da autora)
Felder e Silverman
propõem sua teoria de estilos de aprendizagem a partir de cinco dimensões:
visual e verbal que estão relacionados à captação da informação, onde os visuais
a captam melhor vendo e os verbais através de palavras faladas ou escritas. Os
intuitivos e sensoriais são as formas de perceber a informação, em que os
intuitivos possuem grande capacidade de interpretar textos e símbolos com
facilidade. Os indutivos e dedutivos, os primeiros partem de ideias
particulares a gerais, enquanto, os segundos partem de leis gerais a
particulares, ou seja, uns partem de conhecimentos mais específicos para mais
amplos, os outros partem de conhecimentos gerais para atingir conhecimentos
mais particulares. Os ativos e reflexivos, os ativos processam as informações
passadas executando atividades, experimentando para melhor compreenderem e
gostam de trabalhar em grupos, já os reflexivos antes de experimentar algo
precisam compreender, demorando a iniciar atividades, onde acabam privilegiando
a prática de atividades individuais. Os sequenciais e globais, onde os
sequenciais aprendem os conteúdos de forma linear e os globais analisando todo
conteúdo exposto. A teoria proposta por Felder e Silverman segundo Almeida
(2010, p. 46):
Os estilos de aprendizagem são vistos como
habilidades capazes de serem desenvolvidas e, portanto, os educadores devem
elaborar aulas que explorem os estilos de aprendizagem preferenciais dos
estudantes, e que possibilitem desenvolver também os estilos não preferenciais.
Apresentou-se um
conjunto variado de teorias de estilos de aprendizagem, diante disso,
compreendeu-se as diferenças e aproximações das perspectivas descritas, contudo
acredita-se que os estilos de aprendizagem são formas de como cada um dos
indivíduos aprendem no processo de ensino e aprendizagem.
Simulação de prática pedagógica por meio da teoria de estilos
de aprendizagem na disciplina de História
Os estilos de
aprendizagem podem contribuir e mudar o perfil da disciplina de História, em
que essa passa a ser uma disciplina ativa, que compreende todos como
participantes do processo histórico.
Antes de tudo, o
trabalho com a teoria de estilos de aprendizagem pode ser feito de forma simplificada,
pois seu manuseio na prática do cotidiano da sala de aula se torna menos
complexa, sendo assim, analisa-se apenas como melhor os aprendizes/educandos
obtêm e retêm as informações para transformá-las em conhecimento através: do
visual, do auditivo e do sinestésico.
O professor no início
de seus trabalhos deve em primeiro lugar explicar sua metodologia de trabalho
em sala de aula, e que trabalha a partir da teoria de estilos de aprendizagem,
com isso, conceitua o que vem a ser ‘estilos de aprendizagem’, para em seguida
aplicar o teste de VAK que identifica quais os estilos de aprendizagem
predominam em cada um dos alunos.
Simula-se agora uma
sala de aula de 8º ano do ensino fundamental, onde o professor de história está
trabalhando sobre a Idade Média.
O professor pode
começar com uma aula expositiva dos principais acontecimentos do processo
histórico em questão, que vai dos séculos V ao XV, em que pode utilizar no
decorrer da aula figuras, mapas e textos relativos ao período. Fazendo isso,
este já está trabalhando, a partir de seu diagnóstico, sobre o estilo de
aprendizagem de cada um dos alunos, ao menos duas formas: a auditiva, que
ocorre através de suas explicações e do diálogo que tem com os alunos, e a
visual através da apresentação de imagens por meio das figuras e mapas.
Na segunda aula, o
professor pode trabalhar com partes de um filme que esteja relacionado com o
assunto que é Idade Média, onde indica-se o filme "Em Nome de
Deus" (É um filme de 1988, produzido na Inglaterra e na antiga
Iugoslávia, com a direção de Clive Donner, que narra à história de
Abelardo e Heloísa), através das partes selecionadas, os alunos deverão fazer
um relatório acerca dos aspectos enfocados nos trechos do filme, acerca
do que foi discutido em sala de aula, assim como, o que não foi
discutido, mas percebido por este ao visualizar e escutar, esta atividade
pode ser feita pelos alunos de forma individual. Nesse momento, mais uma vez se
contempla os estilos de aprendizagem visual e auditivo utilizando a imagem
cinematográfica como recurso didático auxiliar na sala de aula.
Na terceira aula,
busca-se contemplar o estilo sinestésico ou desenvolvê-lo nos alunos que melhor
se apropriam da informação a partir de atividades corporais e táteis. Na
aula divide-se a sala em dois grupos. O primeiro fica encarregado de produzir
uma dança relativa ao período que será escolhida pelo professor para os alunos
desenvolverem, enquanto, o outro grupo fará uma dramatização das relações
sociais existentes durante o período medieval. A quarta e quinta aulas serão para apresentação dos
alunos acerca do que foi proposto. A sexta aula, professor aplica uma avaliação
para compreender como os alunos se apropriaram da informação e se com todos os
mecanismos propostos através de todos os estilos de aprendizagem trabalhados e
contemplados estes puderam transformá-la em conhecimento e melhor aprender.
Acima, tentou-se
simular uma prática do ensino e aprendizagem de história, onde na ação
pedagógica se buscou contemplar todas as formas perceptivas de como os alunos
melhor obtêm e retêm as informações para transformá-las em conhecimentos, pois,
dessa forma, o objetivo era contemplar todos os estilos não privilegiando
apenas uma forma, mas, tentando aprimorar o estilo de aprendizagem de cada um,
e também desenvolver os outros estilos do aprendiz.
Considerações finais
A teoria de estilos de
aprendizagem pode contribuir no processo de ensino e aprendizagem da disciplina
de História, onde através do auxílio dessas teorias na prática pedagógica de
História, esta pode ser ensinada de forma com que os alunos a relacionem com
sua ação cotidiana, tendo assim um aprendizado mais significativo.
Por fim, acredita-se que hoje em nossa prática pedagógica não se deve somente ensinar os nossos alunos a aprender, e sim, deve-se é aprender as várias formas como ensinar e entender como estes melhor aprendem, e a teoria dos estilos de aprendizagem é uma excelente ferramenta se bem aplicada, para desenvolvermos práticas que norteiam tais condutas. O assunto não se esgota com esta breve discussão, mas muito ainda deve ser pesquisado sobre o tema para uma melhor prática educativa da disciplina História.
Por fim, acredita-se que hoje em nossa prática pedagógica não se deve somente ensinar os nossos alunos a aprender, e sim, deve-se é aprender as várias formas como ensinar e entender como estes melhor aprendem, e a teoria dos estilos de aprendizagem é uma excelente ferramenta se bem aplicada, para desenvolvermos práticas que norteiam tais condutas. O assunto não se esgota com esta breve discussão, mas muito ainda deve ser pesquisado sobre o tema para uma melhor prática educativa da disciplina História.
Referências
ALMEIDA, Karine
Ribeiro de. Descrição e análise de diferentes tipos de aprendizagem. Revista Interlocução, v.3, n.3,
p.38-49, publicação semestral, março-outubro/2010. Disponível em
http://www.senept.cefetmg.br/galerias/Arquivos_senept/anais/terca_tema1/TerxaTema1Artigo21.pdf. Acessado em: 10/09/2011.
BARROS, Daniela Melaré
Vieira. A Teoria dos Estilos de Aprendizagem: convergência com as tecnologias
digitais. Revista SER: Saber, Educação e
Reflexão, Agudos/SP , v.1, n.2, Jul. - Dez./ 2008. Disponível em
Acessado em:
20/09/2011.
BARROS, Daniela Melaré
Vieira (org.). Estilos de Aprendizagem e Educação a Distância: Algumas
Perguntas e Respostas?!. Revista de
Estilos de Aprendizagem, nº5, Vol. 5, abril de 2010. Disponível em
Acessado em:
23/09/2011.
CATHÓLICO, Roberval
Aparecido. Mediação da aprendizagem de Feuerstein à luz dos estilos de
aprendizagem de Felder. Revista
Eletrônica de Educação e Tecnologia do SENAI-SP, v.4, n.8, mar. 2010.
Disponível em
Acessado em
25/09/2011.
CERQUEIRA, Teresa
Cristina Siqueira. ‘O professor em sala de aula: reflexão sobre os estilos de aprendizagem
e a escuta sensível’. Revista de
Psicologia. Vetor Editora, v. 7, nº 1, p. 29-38, Jan./Jun. 2006.
Daniel, muito elucidativo seu texto.
ResponderExcluirPergunto: qual desses estilos você acha mais válido?
agradecido,
Marcos Toledo
Todos os estilos são válidos, pois cada um de nós temos um ou mais estilos em destaque em nosso aprendizado.
ExcluirDaniel Rodrigues de lima.
Boa tarde Daniel, a abordagem de aprendizado apresentado foi significativo, e lhe pergunto se não houver essa interação na turma.
ResponderExcluirAtt
Adriane
Esse é um caso que pode ocorrer, nesse momento penso que o professor deve manter um diálogo constante e com isso trazer a turma para seu lado e tentar propor essa ideia de ensino/aprendizagem.
ExcluirBoa noite Daniel.
ResponderExcluirMinha pergunta é a seguinte: pode o aluno ter mais de um estilo de aprendizagem?
Abraço.
Celimara Solange da Silva Orlando Curbelo.
Sim, de acordo com a teoria proposta por Felder e Silverman segundo Almeida (2010, p. 46):
ExcluirOs estilos de aprendizagem são vistos como habilidades capazes de serem desenvolvidas e, portanto, os educadores devem elaborar aulas que explorem os estilos de aprendizagem preferenciais dos estudantes, e que possibilitem desenvolver também os estilos não preferenciais.
Olá Daniel!
ResponderExcluirInteressante seu texto! Compreender que nossos alunos e alunas possuem várias maneiras de aprender, nos abre um leque de opções de como trabalharmos diferentes temas. Penso que muitas vezes os professores não exploram outras formas de se trabalhar História, como por exemplo realizando teatros, devido a falta de comprometimento de alguns alunos que acabam tumultuando e fazendo com que o objetivo do professor não se concretize. Gostaria de saber seu pensamento a respeito de como trabalhar essas ideias e/ou essas maneiras de aprender, com alunos indisciplinados?
Grata!
Acredito que o diálogo é fundamental, o importante é negociar com estes alunos, tentar fazê-los perceber a importância do que estão fazendo para suas vidas práticas. Mostrar a importância de cada um no contexto sociocultural que vivemos.
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ResponderExcluirEsqueci de assinar acima
ExcluirJuliana Myrian de Souza Rodrigues
É sempre buscar a inovação. Despertar o interessa com jogos, brincadeiras, vídeos, produções musicais, teatro, documentários e outros. Acredito que essas são formas de fazer com alunos se interessem por História.
ResponderExcluirConcordo plenamente Daniel. O melhor caminho seria preparar uma aula com conteúdo voltado para todas as formas de aprendizagem, ressaltando sempre a importância que a disciplina tem para a formação do aluno. Hoje,estudar História é necessário para se formar conceitos. Um aluno atualizado facilmente consegue opinar sobre os assuntos mais pertinentes do nosso país. Obrigada mais uma vez! Ass:Juliana Myrian de Souza Rodrigues
Excluirexistem diferentes formas de ensinar, mas qual a melhor maneira de de identificar se uma aprendizagem foi eficaz?
ResponderExcluirAcredito que por meio de avaliações. É, não apenas, as avaliações escritas, mas através da debates e estudos diagnósticos de aprendizagem.
ExcluirDaniel Lima