CICLO X PERÍODO: A DISCIPLINA 'ESTUDOS
AMAZÔNICOS' ENTRE DUAS PROPOSTAS CURRICULARES
Davison Hugo Rocha Alves
Esta comunicação é
fruto do meu projeto de pesquisa de mestrado realizado na UERJ, tendo como
finalidade estudar a consolidação no Pará durante os anos 1990 de uma proposta
regional para a escola. A partir da história da disciplina 'Estudos Amazônicos'
há um confronto de narrativas sobre o que contar a respeito da Amazônia, isto
fica claro quando observamos a formação dos professores acadêmicos que
elaboraram os manuais didáticos dos anos 1990. Os manuais didáticos que foram
analisados por esta pesquisa foram de dois professores pesquisadores sobre a
Amazônia, Violeta Loureiro (2000) e Gerard Prost (1998).
Os debates na
Secretaria de Educação do Estado do Pará e a elaboração da disciplina Estudos
Amazônicos, começaram a ser discutido em 1987, quando esta secretaria organizou
um evento em Belém voltado para os professores da rede estadual, neste encontro
os professores ressentiam-se da falta de material didático, que dialogasse com
temas amazônicos para a escola. Neste sentido a SEDUC em parceria com o IDESP
(Instituto de Desenvolvimento Econômico-social do Pará), publicou uma coletânea
de textos voltados para os professores da rede estadual, que discutisse alguns
acontecimentos recentes na região amazônica, processos sociais que até então
eram silenciados no espaço escolar.
A importância de
construir novos caminhos para a História regional criando este livro-texto, e
posteriormente uma disciplina regional parte da perspectiva de compreender a
realidade atual da região amazônica, tentando fazer uma aproximação entre a
experiência dos novos sujeitos sociais que surgem na região amazônica e qual a
sua interação neste espaço. Com a intenção de que a Amazônia, não seja só mais
um capítulo dentro dos livros didáticos que estude as regiões brasileiras, mas
que evidenciam os problemas sociais percebemos que esta era uma crítica
presente nos discursos dos professores. O que acontecia com os livros de geografia
dos anos 90, que no ensino fundamental tem em sua proposta curricular estudar
as regiões brasileiras, conteúdo a ser ministrado para o 7º ano (antiga 6ª
série).
Nesta pesquisa estamos
trabalhando com dois grupos de professores/autores de livros didáticos
regionais no Estado do Pará, de um lado estão os professores acadêmicos que
chancelam a autoria dos dois livros didáticos e de outro os professores de
História da rede estadual de educação que não estavam na academia, mas em sala
de aula, colaborando com a escrita e a pesquisa do livro didático tendo que
ensino e pesquisa para poderem construir seja em pesquisas no Arquivo Público
do Estado do Pará (APEP) e no Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) fontes
primárias para a elaboração do livro didático regional, no entanto, neste mesmo
grupo de professores havia os que foram cedidos para a Secretaria Estadual de
Educação como foi o caso dos professores Maria de Fátima Oliveira e William
Junior na função de técnicos pedagógicos, outro como o professor Ribamar de
Oliveira e da professora Edilena Barbosa que continuaram em sala de aula, mas
que também colaboraram com a escrita do livro.
O que mobiliza os
professores acadêmicos e não acadêmicos que participaram da construção destes
manuais didáticos e da disciplina regional a pensar esta disciplina criada no
Pará, são as recentes transformações pelo qual passou a região amazônica,
portanto, era necessário debater essa nova configuração sócia espacial da
Amazônia nas escolas. Havia uma preocupação em construir uma nova relação no
espaço escolar que dialogasse com as questões regionais sobre a relação
passado-presente, há uma necessidade que fosse privilegiada a região amazônica
a partir de suas transformações sociais que ocorreram logo após a abertura da
Belém-Brasília e a ocupação de determinados espaços com a construção de
rodovias.
A concepção de
História da região amazônica diferenciava-se de uma História do Pará,
consolidada nos livros didáticos lançados no Pará durante o século XX,
percebemos que os professores do Pará apresentam como concepção de estudo para
os chamados "Estudos Amazônicos" uma narrativa que dialoga com
algumas questões regionais, com o modelo de desenvolvimento, com os problemas
sociais e as questões ambientais.
Percebemos que as
propostas curriculares apresentadas pelo Ministério da Educação durante os anos
1990 estavam em diálogo com a proposta de elaboração de uma disciplina regional
no Pará, haja vista, que diante das recentes transformações pelo qual passou a
região amazônica não era interessante continuar reproduzindo no espaço escolar
uma narrativa que versasse somente sobre a História do Pará, mas que a História
do Pará fosse incluída dentro de uma disciplina de amplitude regional que ficou
denominada de 'Estudos Amazônicos'.
Os pesquisadores da
área das ciências humanas no Pará (historiadores, geógrafos e sociólogos) com a
finalidade compreender a historicidade da região amazônica, apresentam suas
narrativas sobre a região amazônica, que em alguns momentos dialogam com o
Pará, com a cidade de Belém, com a floresta amazônica (problemas e
perspectivas), com a história local e com a história recente (eventos chaves
que aconteceram após a abertura da Belém-Brasília), e lançam no mercado
editorial seu material didático para uso nas escolas públicas e privadas do
Estado do Pará. Percebemos que a disciplina Estudos Amazônicos possui vários
caminhos no Pará, pois, dependendo da formação do professor que está
ministrando esta disciplina, ele possui uma abordagem sobre o que ensinar em
relação da Amazônia.
A SEDUC em 1995
juntamente com uma comissão de professores de História comprometeu-se com o
projeto Estante da Amazônia a produzir livros didáticos que versassem sobre a
realidade regional. A meta era colocar em cada escola da rede estadual, que a
época girava em torno de 200 escolas um total de 30 exemplares de cada obra e
não apenas um título. O projeto tinha como dinâmica que o professor utilizasse
o livro em sala de aula, de forma prática, onde o livro didático poderia ser
lido simultaneamente por mais de 50 alunos, dois a dois, haja vista, que toda a
biblioteca da escola receberia, cada uma, 30 exemplares. O livro didático
regional possui uma especificidade era produzido pensando no aluno, em seu uso
no espaço escolar e não especificadamente para o professor da disciplina
Estudos Amazônicos, podemos encontrar uma dificuldade em relação ao seu ensino,
que gira entorno da seguinte perspectiva, não foi pensado um currículo mínimo
para a disciplina e não existe manual para o professor, isto se torna complexo
quando analisaremos as produções didáticas regionais, haja vista que os manuais
didáticos nos apresentam várias leituras do passado amazônicas, que são
possíveis de ser ensinado.
No dia 20 de dezembro
de 1996 foi publicada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB, este
documento tornou-se um instrumento importante na educação brasileira dos anos
90, pois, é considerado um momento de reorientação da educação curricular
brasileira e tinha como finalidade básica da educação a "formação comum
indispensável para o exercício pleno da cidadania" (BRASIL, 1996). A
criação da disciplina regional Estudos Amazônicos, durante os anos 1990, a
partir da resolução nº 630/97 aprovada pelo Conselho Estadual de Educação,
dentro da chamada parte diversificada do currículo da Secretaria Estadual de
Educação do Estado do Pará. Em seu artigo 5º define que a parte diversificada
do currículo será disciplinada pelo respectivo Conselho de Educação do Estado
do Pará, mediante um elenco de disciplinas que foi sugerido às entidades
mantenedoras dos Estabelecimentos de ensino a escolha de pelo menos duas
destas. A resolução nº 231 de 05 de Maio de 1998 estabelece as normas que
disciplinam a parte diversificada do Currículo do Ensino Fundamental do Sistema
de Ensino do Estado do Pará, onde normatiza que em todas as escolas deste
estado deverá ser mantida a igualdade de acesso para os alunos a Base Nacional
Comum de maneira a legitimar a unidade e qualidade da ação pedagógica na
diversidade nacional a Base Nacional Comum e sua parte diversificada deverão
integrar em torno de paradigma curricular que vise estabelecer a relação entre
a educação fundamental e o médio.
Em Ofício encaminhado
para as escolas públicas do Estado do Pará a diretora de Ensino deste estado
Violeta Refkalefsky Loureiro encaminha as novas matrizes curriculares para o
Ensino Fundamental e Médio para o ano de 1999, no qual faz uma alteração na parte
diversificada do currículo com a inclusão da disciplina Estudos Amazônicos em
substituição a disciplina Estudos Paraenses, com duas aulas semanais na 5ª e 6ª
séries e três aulas semanais na 7ª e 8ª séries, tendo a seguinte justificativa
"pela imperiosa necessidade da escola contribuir para a formação de uma
consciência nos cidadãos sobre a Amazônia como uma questão nacional e ser a
Amazônia o maior e mais rico sistema natural do planeta Terra". Esta
disciplina pode ser ministrada por professores licenciados em História,
Sociologia e Geografia da SEDUC.
Um momento importante
para que se possa discutir no espaço escolar questões referentes aos últimos
acontecimentos da região amazônica, esta era a proposta curricular que a
professora Violeta Loureiro pensou nos anos 90, quando apresenta ao Conselho
Estadual de Educação a ideia de criar uma disciplina regional que versasse
sobre determinados temas amazônicos, com a função de conscientizar as pessoas
sobre o futuro da região amazônica.
As narrativas em torno do que ensinar sobre o estado do Pará possuem uma diversidade de abordagem, ao analisar as obras didáticas percebemos que a formação do professor que ministra esta disciplina seja na rede estadual, apresenta algumas questões que são por ele selecionadas como: aspectos sociais, políticos, econômicos e geográficos. Esta multiplicidade de narrativas sobre a Amazônia deve-se a formação heterogênea destes professores e o que eles liam e debatiam sobre o Estado do Pará, sobre a região amazônica e suas diversas identificações (Amazônia Legal, região geoeconômica, Pan-Amazônia, Região Norte), muito pautado por uma narrativa memorialística e de exaltação de um lado, ou de outro, por não serem historiadores e terem uma formação em Sociologia ou Geografia, estes autores de livros didáticos lançam mão de uma narrativa cronológica e adotam algumas questões recentes para referenciar seus estudos sobre a região amazônica.
A partir desta evidência, percebe-se que há uma variação do conhecimento histórico escolar apresentado pelos livros didáticos, este descompasso entre o ensino de história do Pará, a proposta curricular e o livro didático regional, deve-se ao fato de que existem várias formações na área das ciências humanas em jogo, escrevendo estes livros didáticos regionais. A interdisciplinaridade apresenta-se como um elemento-chave, para analisar o lugar que a Amazônia e na esteira de análise a questão regional vai assumir nesta escrita escolar, visto que os manuais apresentam neste período duas propostas curriculares, que são:
As narrativas em torno do que ensinar sobre o estado do Pará possuem uma diversidade de abordagem, ao analisar as obras didáticas percebemos que a formação do professor que ministra esta disciplina seja na rede estadual, apresenta algumas questões que são por ele selecionadas como: aspectos sociais, políticos, econômicos e geográficos. Esta multiplicidade de narrativas sobre a Amazônia deve-se a formação heterogênea destes professores e o que eles liam e debatiam sobre o Estado do Pará, sobre a região amazônica e suas diversas identificações (Amazônia Legal, região geoeconômica, Pan-Amazônia, Região Norte), muito pautado por uma narrativa memorialística e de exaltação de um lado, ou de outro, por não serem historiadores e terem uma formação em Sociologia ou Geografia, estes autores de livros didáticos lançam mão de uma narrativa cronológica e adotam algumas questões recentes para referenciar seus estudos sobre a região amazônica.
A partir desta evidência, percebe-se que há uma variação do conhecimento histórico escolar apresentado pelos livros didáticos, este descompasso entre o ensino de história do Pará, a proposta curricular e o livro didático regional, deve-se ao fato de que existem várias formações na área das ciências humanas em jogo, escrevendo estes livros didáticos regionais. A interdisciplinaridade apresenta-se como um elemento-chave, para analisar o lugar que a Amazônia e na esteira de análise a questão regional vai assumir nesta escrita escolar, visto que os manuais apresentam neste período duas propostas curriculares, que são:
(a) ênfase ao meio
ambiente e análise dos problemas recentes da Amazônia;
(b) a história do
Estado do Pará articulada a História da Amazônia, sendo analisada por períodos.
Duas propostas
didáticas. Duas concepções diferentes sobre a Amazônia. Duas formas de
compreender o discurso regional para escola. Dois caminhos que divergem sobre o
ensinar regional. O embate curricular em torno da disciplina 'Estudos
Amazônicos' estava posto durante os anos 90 no Pará e continua em aberto no
currículo estadual no início do século XXI, não há uma preocupação em debater
uma proposta curricular sobre a Amazônia, que dialogue com os diversos campos
de saberes, portanto, acaba sendo um ensino de história da Amazônia visto de
forma compartimentalizada. Temos um desafio de pensar as questões regionais
para a escola no Pará, de forma que contribua para que o aluno compreenda a
importância da região amazônica, que seja crítica e com uma abordagem
interdisciplinar. Está posto o desafio!
Referências
BRASIL. Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 24 dez. 1996. Disponível em URL:
http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/tvescola/leis/lein9394.pdf
LOUREIRO, Violeta. Amazônia: História e análise de problemas (do período da borracha aos dias atuais). Editora Distrobel, 2000.
LOUREIRO, Violeta. Amazônia: História e análise de problemas (do período da borracha aos dias atuais). Editora Distrobel, 2000.
LOUREIRO Violeta. Amazônia: meio ambiente. Editora
Distrobel, 2000.
PROST, Gerard. História do Pará: das primeiras populações
à Cabanagem. Belém, 1998.
PROST, Gerard. História do Pará: do período da borracha
aos dias atuais. Belém, 1998.
PARÁ, Secretaria de Estado de Educação. Estudos e
Problemas amazônicos: história social e econômica e temas especiais.
Belém: Instituto Econômico e Social do Pará, 1989.
Olá Davison,
ResponderExcluirImportante oportunidade de refletirmos sobre a Disciplina ESTUDOS AMAZÔNICOS, que no meu ponto de vista ainda é plural apenas no nome, plural apenas nos ditos e escritos oficias, mas ainda singular, e disciplinar na prática de ensino do chão das escolas da AMAZÕNIA. Plural mesmo, só os desafios vividos pelos professores e professoras que trabalham as questões amazônicas no ensino básico.
Uma questão me chama a atenção, em seu texto, e da qual discordo. Não há, livro didático sobre essa disciplina, O TERMO “LIVRO DIDÁTICO” se olharmos o que caracteriza o livro didático, em seu processo, desde sua elaboração, concorrer a um edital do MEC, ser aprovado no edital,ser enviado para escolas... passar pela seleção dos professores e depois ser devolvido para que a escola, que o escolheu possa fazer uso...(o que delimita um lugar simbólico específico) . Isso, até onde minhas pesquisas me levaram nunca houve com essa disciplina; houve sim, livros paradidáticos, que passam por um processo de transposição didática e são utilizados. São livros muito importantes e necessários, que muito auxiliaram e auxiliam os professores da disciplina. Acredito que essa ausência tem uma razão de ser, é melhor que os amazônidas não conheçam suas realidades, isso beneficia muita gente certamente. Tenho notícias, que em cidades como Manaus e Macapá, a disciplina ESTUDOS AMAZÔNICOS existe com esse nome na matriz curricular do ensino fundamental maior, no entanto, não é ofertada por falta de livros, sobre os temas.
Bem, isso é preocupante quando pensamos que estamos no meio da AMAZÔNIA, e que muitos alunos e alunas ficam REPROVADOS nessa área do conhecimento, que ainda está tentando construir seu espaço/lugar/território na educação regional , que ainda tem muito caminho a percorrer para construir identidade e ajudar no processo de construção de cidadania, por este lados...... Você levanta muito aspectos interessantes, e um deles é a natureza interdisciplinar da disciplina, seu trabalho tem o mérito, também, de provocar esse debate no interior da academia, sou um entusiasta seu e de suas pesquisas...aprendi recentemente com você que ESTUDOS AMAZÔNICOS é também, uma disciplina do TEMPO PRESENTE!!! Isso melhorou meu conceito sobre ELA.
Parabéns pelo trabalho!!!!!
Tiese, obrigado pela leitura do texto. Quando realizei entrevista com os professores de História da SEDUC, que elaboraram a proposta didática 'História do Pará' sobre a orientação do Professor Gerard Prost, este faz parte de um projeto conhecido como Estante Amazônia, lançado pelo Governo do Estado em 1996. O livro didático lançado pelo Secretaria de Educação do Estado do Pará, em 1998, e que inaugura esta série de produções amazônidas voltadas para o espaço escolar tem como foco a disciplina regional. O livro didático de Gerard Prost possui as especifidades de um livro didático comum estes que possuem a chancela do Ministério da Educação que tem a seguinte estrutura: capítulos, texto principal, exercícios, resumos dos períodos da História do Pará ao qual o capítulo tentou abordar, existem notas de rodapé também, apesar de que sabemos que nesta etapa de ensino não existe edital do PNLD para que se avaliem produções didáticas regionais, considero que esta proposta didática para uso pelos professores da disciplina Estudos Amazônicos uma importante iniciativa para se conhecer a região amazônica. A perspectiva adotada do início do fim desta coleção didática é fazer da relação “passado-presente” um enlace sempre constante nas aulas de Estudos Amazônicos. A minha pesquisa tem dois caminhos, primeiro entender a criação desta disciplina (no contexto específico dos anos 90) e para isto, conto também como foi a produção destes manual didático “História do Pará’ e os debates que ocorreram na Secretaria Estadual de Educação desde o final dos anos 1980 que culmina em 1997 com a criação desta disciplina regional, e a produção destes manuais didáticos apresentando sua perspectiva de ‘Estudos Amazônicos’ a partir de duas áreas de conhecimento: a Sociologia (Violeta Loureiro) e a História (Professores da SEDUC/História e o Gerard Prost), pode ser que eles não possuem as mesmas especificidades de um livro didático lançado por um edital do PNLD, que tem uma seleção criteriosa de escolhas por parte do grupo de professores de História convidados pelo MEC, para fazer parte da Comissão Avaliadora, mas independente disso, o processo de criação, elaboração e posteriormente a sua chegada a escola a partir do projeto Estante Amazônia, isto sim aconteceu, por exemplo, eu no ano 2000 estudava a 5ª série e utilizei o livro do professor Gerard Prost na disciplina Estudos Amazônicos por professores formados em Geografa e em História, então, não podemos negar que houve a produção de um livro didático para uso pelos professores, ou que somente existem nos anos 90 e início dos anos 2000 livros paradídáticos. Penso que temos um grande desafio, primeiramente compreender de qual Amazônia(s) (momento histórico estamos falando?); Como vamos fazer essa interdisciplinaridade? Qual o lugar da História dentro do campo disciplinar Estudos Amazônicos? Qual o lugar da Geografia dentro do campo disciplinar Estudos Amazônicos? Qual o lugar da Sociologia dentro do campo disciplina Estudos Amazônicos?
ExcluirObrigado, pela leitura!
Davison Alves
Davison, estou desenvolvendo minha dissertação intitulada "A DISCIPLINA DE ESTUDOS AMAZÔNICOS E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL: uma experiência no município de Marabá-PA". Quero parabenizar sua pesquisa, tecer alguns comentários e fazer alguns questionamentos.
ResponderExcluirEm minha pesquisa, no município de Marabá, Sudeste do estado do Pará, tenho verificado a desorganização com que a disciplina de Estudos Amazônicos vem sendo tratada. Em um questionário piloto, observei que muitos professores encaram a disciplina como complementação de carga horária e isso torna a disciplina “menos” importante em toda sua conjuntura.
Outros fatores que venho identificando são falta de uma formação continuada, organização de uma matriz curricular e falta de material didático. Esses fatores fazem com que a disciplina caia em descrédito por parte dos alunos e também dos professores.
Meus questionamentos são a respeito do futuro desta disciplina. Sei que não sou profeta (e nem pretendo ser). Entretanto, quando desenvolvo minha pesquisa supracitada e analiso a conjuntura em uma escala econômica e neoliberal, somos levados a crer na disputa que a região Amazônia está envolvida. O esquecimento desta região é fundamental para que outros Estados a “achem” e coloquem em prática uma exploração ainda mais contundente do que essa que foi iniciada na década de 70 do século XX. Para isso, não é de interesse do capital hegemônico a construção de uma identidade amazônica através de uma disciplina chamada “Estudos Amazônicos”.
ExcluirGabriel, obrigado pela leitura do texto que propus para este evento. Em 2017, a disciplina 'Estudos Amazônicos' completa 20 anos. Acredito que será um momento para repensar o currículo, a formação de professores no Estado do Par e a prática docente do professor desta disciplina. Não adianta apenas criar a disciplina, é preciso também ter formação e uma formação interdisciplinar. O meu trabalho de mestrado parte-se da seguinte perspectiva, houve um tentativa nos anos 1990 de consolidar a disciplina dada a importância da Amazônia e do momento em que ela foi inserida, refiro-me as questões sociais, ambientais e as transformações da mesma nos últimos 50 anos. Era visível e acredito que ainda há, um grande desconhecimento por parte dos nossos alunos (sejam da educação básica ou da Academia) de que a Amazônia vêem passando por um processo de transformação irreversível nos último anos. A disciplina ‘Estudos Amazônicos’ vem dialogar com isto, com esta problemática, com o presente mas também com o passado, o passado-recente (como dizem os historiadores do Tempo Presente). A urgência do presente é o que caracteriza a importância da disciplina ‘Estudos Amazônicos’ para o campo da Geografia, basta fazer uma breve análise sobre como o tema é abordado nos livros de Geografia dos anos 1990, que percebemos que é a mesma perspectiva adotada pela proposta curricular desta disciplina regional. A mesma receita (características geográficas, características peculiares da região, os anos 1960 e as transformações, os Grandes projetos e os enclaves econômicos). Penso que seu trabalho nos suscita a seguinte perspectiva: Qual o lugar da Geografia no campo disciplina Estudos Amazônicos? O que Podemos aprender com a interface espaço-social sobre a Amazônia utilizando da interdisciplinar como palavra-chave para compreender a Amazônia? Responder a essas duas problemáticas a partir da prática dos professores de Geografia que lecionam a disciplina Estudos Amazônicos, nos ajudam a pensar novas perspectivas futuro sobre a Amazônia sendo nos amazônidas na escola, mas para que isso aconteça é necessário um currículo mínimo (debatido e dialogado com todas as áreas de conhecimento) e de uma política de formação de professores que visem uma formação continuada sobre o que se espera aprender dentro da disciplina ‘Estudos Amazônicos’. A disciplina Estudos Amazônicos entre o prescrito e o feito: precisamos fazer uma reflexão sobre isso, está posto o desafio! Topas?
Abraços.
Davison Alves.